tomo a liberdade de postar uma contribuição do Pe. Zezinho
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..."já parou para olhar com outros olhos?"... Rafael Jesus.
Boa leitura!...
O PERIGO DO MISONEISMO
Milhares de pessoas passam anos a fio dentro do metrô, por debaixo de algumas praças que eles nunca viram nem pretendem ver. Não sobem à superfície a não ser que tirem algum proveito de sua subida. Não lhes interessa saber como é o que não lhes trará alguma vantagem…Passam há mais de dez anos a quinze metros abaixo de uma praça e nunca foram vê-la. Milhares passam por avenidas e ruas cujo nome nunca leram. Perguntados, não sabem que todos os dias as cruzam.
Falta-lhes atenção. Crer e contemplar, segundo alguns teólogos é exatamente isso: prestar atenção naquilo que antes víamos sem realmente ver. Estava li, mas não nos parecia importante.
Milhares olham para estrelas cujo nome nunca se importaram em conhecer e para árvores cujo nome também não sabem nem querem saber. E daí se é uma sibipiruna? Embora estejam ali perto de sua casa há trinta anos, que diferença faria saber o nome da quaresmeira ou do jasmineiro?
Há também os que não se interessam por aprender nem saber nada mais do que já sabem. São formigas que não querem outro caminho além carreiro. Sentem-se mais seguras nele! Entendem que querer saber mais pode ser perigoso para o animal que se afastou do bando! Nem olhar, olham! Mas nem toda esta proteção impede que o crocodilo ou o leão comam o animal que jamais se afastou do bando e que nem sequer olhou para o lado. Pois é! Se tivesse olhado talvez percebesse o perigo. Apostou demais na paz e na proteção da manada. Ouviu o convite do “Venha conosco e nada lhe acontecerá”…
Milhares de cristãos de todas as igrejas nunca fizeram esforço de saber nada além do catecismo que ouviram aos doze anos. Ler. Não leram! Depois disso nunca mais abriram nenhum livro religioso. Não são curiosos sobre assuntos fé. Revistas profanas e até eróticas eles compram. Coisas de religião, nunca! Mas vão ao culto e à missa aos domingos.
É como se tivessem herdado a bicicleta do pai e nunca mais quisessem outra, mesmo sendo ela agora pequena demais para o seu tamanho. Cai aos pedaços, mas não quiseram nunca experimentar versões melhoradas dela. Foi o caso daquele senhor pobre que se machucara na velha bicicleta e a quem o médico cuja casa ele guardava, ofereceu uma outra mais sólida. Não quis. Sua velha bicicleta tornara-se inadequada e obsoleta, mas era dela que ele gostava!
A fé é dinâmica. Acrescenta sabedoria, mas a maioria das pessoas fica no que aprendeu e chega a se zangar com quem propõe algo novo. Ofendem-se com o pregador que propõe um novo jeito de ver aquela doutrina, sem negá-la. Sofrem do que C. Jung chamou de “misoneismo”: medo do novo, qualquer tipo de novo.
O conservadorismo da maioria das pessoas pode ser resumido numa só expressão: Já sei o que preciso saber! Mas alguém precisa dizer a elas que isso não é conservar: é deixar mofar… Conservar é algo bom, mas até o ato de conservar precisa ser dinâmico. Os museus estão todos os dias renovando suas técnicas, para que o antigo não se corrompa. É também o caso dos alimentos na geladeira e de produtos que duram anos. Há, porém um conservadorismo perigoso: o que rejeita novos caminhos, mesmo que sejam melhores. Quem sofre de misoneismo precisa repensar a sua vida. Nem tudo o que é novo é bom, mas também nem tudo o que é novo é mau. Nem tudo o que é antigo era mau, mas também nem tudo era bom. Sabedoria é ficar com o bom e melhorá-lo.
Pe. Zezinho
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